sábado, 29 de maio de 2010

Blumenau: clima tenso e chuva fina



Se o primeiro dia de nossa chegada à cidade de Blumenau, Santa Catarina, fosse um filme, ele poderia ser dividido em 03 cenas fundamentais:


Cena 01

É sexta-feira, dia 28 de maio. Na hora do almoço rumamos àquele que é o maior shopping do Estado, do ladinho de nosso hotel e somos recebidos aos gritos. Contrariando as expectativas, não é uma horda de fãs ensandecidas, mas uma menininha, só uma menininha que grita desesperadamente para os funcionários do Burger King, bradando aos berros - e em meio a um choro furioso - sua indignação quanto à demora em ser servida. Não deve ter mais do que quatorze anos, mas é de uma agressividade assustadora, já dominando técnicas de persuasão bastante maduras, tal qual "meu pai é jornalista e vai publicar isto na capa do jornal!" e outros argumentos bastante convicentes do gênero. A tensão toma conta dos funcionários e dos presentes na praça de alimentação. A menina ameaçadora não demora a ser presenteada pelo gerente com a promessa de "seis meses de lanches grátis" (abastecimento uma vez por semana!). Os ânimos se acalmam, a menina ri, faceira em seu sorriso cheio de dentes, e comemos nosso lanche em silêncio, impressionados com o poderio teen de Blumenau. Saímos do shopping com uma chuvinha fina castigando nossos lombos e uma sensação estranha em nossas mentes.

Cena 02


Mesmo dia, à tarde. Nos preparamos para sair do hotel em direção ao Parque Vila Germânica: dali há pouco começa o Briefing, momento-chave em que percurso e todos os detalhes desta que é a 3ª Etapa do Rally Mitsubishi Motorsports serão passados aos competidores. A chuvinha fina continua no seu ímpeto de incomodar. Nem colocamos os pés para fora do hotel e percebemos o burburinho na avenida em frente. Um caminhão e um carro de luxo engavetaram, gerando o momento bastante tenso que presenciamos: um gordinho, evidentemente o motorista do caminhão, corre atrás de um rapaz com a marca de Ralph Lauren estampada de maneira vistosa em sua camiseta. A cena só não é violenta porque é cômica: a corrida é vagarosa e um tanto hesitante, os passantes gritam coisas do tipo "anota a placa!", a suposta namorada do rapaz entra aos prantos no hotel pedindo pelo telefone do serviço de trânsito e um grupo fotografa e filma tudo, ampliando nossa percepção de que, sim, este é o tempo do compartilhamento (quando será que o vídeo vai estar no YouTube?). E que sim, Blumenau está passando um dia muito, mas muito tenso. Será que isto iria se repetir durante o evento que viemos presenciar e apoiar?

Cena 03


Um corte mais rápido, seco, e estamos na Vila Germânica onde, após um rápido momento tenso (mais um?) com o guarda de trânsito do local, somos presenteados com um parque fantástico. Não por acaso o cenário da Oktoberfest que é a segunda maior do mundo. A arquitetura germânica, como não poderia deixar de ser, impera em cada detalhe e mesmo a chuvinha fina - inclemente em sua persistência - não diminui o espetáculo que é observar os detalhes daqueles pórticos comerciais em enxaimel e do grande centro que abriga mais uma edição deste badalado evento promovido pela Mitsubishi.

O que nos alegra? A passagem de briefing, momento tão importante em cada uma das etapas, é um contraponto perfeito a tudo o que vivenciamos até ali: o clima, coroborando mais uma vez toda a percepção de que o Rally é um grande encontro familiar e de amigos, é pacífico e de festa comedida. Lógico que os nervos estão à flor da pele, como comprovamos em rápidas conversas com alguns dos participantes que vêm conversar conosco junto ao estande da Keko, mas nada pode ser mais pacato e em um clima de confraternização do que aquilo ali. Há crianças que correm, impressionadas com o gigantismo do salão; os mais arrojados modelos de carros da Mitsubishi estão expostos dando vazão ao sonho de todos, enquanto modelos/recepcionistas esbanjam simpatia e beleza em seus postos. Em seguida, o lanche é servido, cada corredor está com sua ficha de inscrição à mão (e ainda recebendo preciosas instruções, que se estenderão em minúcias e dicas que nos impressionam, detalhando cada trecho, cada possibilidade de perigo, recomendando o que fazer e não fazer e dando uma importância fundamental à necessidade de itens de segurança e à óbvia sintonia entre piloto e navegador).


Epílogo

Vemos a cidade de Blumenau em um dia ensolarado, agradável, como - anseamos - deverá ser o domingo por aqui. A cidade é muito arborizada, é claro que obras de arquitetura germânica estão por toda a parte, ressaltando o orgulho por sua colonização. O lindo rio Itajaí-Açu permeia parte da cidade, dividido por uma réplica em menor escala da ponte Hercílio Luz, de Florianópolis. As blumenauenses são lindas, privilegiadas por ancestreais que lhes presentearam com  uma herança de olhos azuis, cabelos platinados e corpos longilíneos. O povo é de uma cortesia grande e o equilíbrio social parece um fato, denotado por uma sociedade cuja principal atividade econômica vem de indústrias como Hering, Teka e Karsten. Antes do filme terminar estamos caminhando por uma de suas tantas possibilidades turísticas (o Parque das Nascentes me parece uma ótima escolha de locação!), felizes porque tivemos mais uma ótima etapa de rally e as entrevistas com os competidores foram ótimas. Duvida? Dá uma olhada nos posts acima deste. E... corta!

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